domingo, 27 de junho de 2010



Mãe,
Aqui, agora e a sós
Quero lhe pedir por todas nós
Por aquelas que foram escolhidas
Para dar a vida

Mulheres de todas as espécies
De todos os credos, raças e nacionalidades
Todas aquelas nas quais a vida
Está envolvida em sorrisos, lágrimas, tristezas e felicidades

Aquelas que sofrem por filhos que geraram e perderam
As que trabalham o dia inteiro
Em casa ou em qualquer emprego

Quero pedir pelas mães
Que penam por seus filhos doentes
Quero pedir pelas meninas carentes
E pelas que ainda estão dentro de um ventre

Pelas adolescentes inexperientes
Pelas velhinhas esquecidas em asilos
Sem abrigo, sem família, carinho e amigos

Peço também pelas mulheres enfermas
Que em algum hospital aguardam pela sua hora fatal
Quero pedir pelas mulheres ricas
Aquelas que apesar da fortuna
Vivem aflitas e na amargura

Peço por almas femininas mesquinhas, pequenas e sozinhas
Por mulheres guerreiras a vida inteira
Pelas que não têm como dar a seus filhos o pão e a educação

Peço pelas mulheres deficientes
Pelas inconseqüentes
Rogo pelas condenadas, aquelas que vivem enclausuradas

Por todas que foram obrigadas a crescer antes do tempo
Que foram jogadas na lavoura
Ou em alguma cama devastadora

Rogo pelas que mendigando nas ruas
Sobrevivem apesar dessa tortura
Pelas revoltadas, as excluídas e as sexualmente reprimidas

Peço pela mulher dominadora e pela traidora
Peço por aquela que sucumbiu sonhos dentro de si
Por todas que eu já conheci

Peço por mulheres solitárias e pelas ordinárias
As mulheres de vida difícil e que fazem disso um ofício
E pelas que se tornaram voluntárias por serem solidárias

Rogo por aquelas que vivem acompanhadas
Embora tristes e amarguradas
E por todas que foram abandonadas
As que tiveram que continuar sozinhas
Sem um parceiro, um amigo, um ombro querido

Peço pelas amigas
Pelas companheiras
Pelas inimigas
Pelas irmãs e pelas freiras

Suplico por aquelas que perderam a fé
Que se distanciaram da esperança
Quero pedir por todas que clamam por vingança
E com isso se perdem em sua inútil andança

Rogo pelas que correm atrás de justiça
Que a boa vontade dos homens as assista
Peço pelas que lutam por causas perdidas
Pelas escritoras e as doutoras
Pelas artistas e professoras
Pelas governantes e pelas menos importantes

Suplico pelas fêmeas que são obrigadas a esconder seus rostos
E amputadas do prazer vivem no desgosto
Quero pedir também pelas ignorantes
E por todas que no momento estão gestantes

Por aquela mulher triste dentro do coração
Que vive com a alma mergulhada na solidão
Por aquela que busca um amor verdadeiro
Para se entregar de corpo inteiro

E peço pela que perdeu a emoção
Aquela que não tem mais paz dentro do coração
E rogo, imploro, por aquela que ama
E que não correspondida, vive uma vida sofrida

Aquela que perdeu o seu amor
E por isso, sua alma se fechou
Por todas que a droga destruiu
Por tantas que o vício denegriu

Suplico por aquela que foi traída
Por várias que são humilhadas
E pelas que foram contaminadas

Mãe, quero pedir por todas nós
Que somos o sorriso e a voz
Que temos o sentimento mais profundo
Porque fomos escolhidas tanto quanto você
Para gerar e, apesar de qualquer coisa,

Amar...

Independente de quem forem nossos filhos
Feios ou bonitos
Amáveis ou rebeldes
Perfeitos ou deficientes Tristes ou contentes

Mãe,
ajuda-nos a continuar nessa batalha
Nessa guerra diária
Nessa luta sem fim

Ajuda-nos a ser feliz como a gente sempre quis
Dai-nos coragem para continuar
Dai-nos saúde para ao menos tentar

Resignação para tudo aceitar
Dai-nos força para suportar nossas amarguras
E apesar de tudo continuarmos a ser sinônimo de ternura

Perdoa-nos por nossos erros
E por nossos insistentes apelos
Perdoa-nos também por nossas revoltas
Nossas lágrimas e nossas derrotas

E não nos deixe nunca mãe, perdermos a fé
E sempre que puder
Peça por nós ao Pai

E lembre-lhe que quando ele criou EVA
Não deixou com ela nenhum mapa de orientação
Nenhum manual com indicação
Nenhuma seta indicando o caminho correto
Nenhuma instrução de como viver

De como, a despeito de tudo vencer
E mesmo assim.... conseguimos aprender.

Amém!

Silvana Duboc





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