É fácil amar o outro na mesa de bar, quando o papo é leve e o riso é farto... É fácil amar o outro nas férias de verão, no churrasco de domingo, nas festas agendadas no calendário de vez em quando. Difícil é amar quando o outro desaba. Quando quase não acredita em mais nada. E entende tudo errado. E paralisa. E perde o charme. O prazo. A identidade. A coerência. O rebolado. Difícil amar quando o outro fica cada vez mais diferente do que habitualmente ele se mostra ou mais parecido com alguém que não aceitamos que ele seja. Difícil é permanecer ao seu lado quando parece que todos já foram embora. Quando as cortinas se abrem e não se vê mais ninguém na plateia. Quando o seu pedido de ajuda, verbalizado ou não, exige que a gente saia do nosso egoísmo, do nosso sossego, da nossa rigidez, do nosso faz-de-conta, para caminhar humanamente ao seu encontro. ... Mas esse talvez seja, sim, o tempo em que o outro mais precisa se sentir amado. Eu não acredito na existência de botões e alavancas que façam as dores mais abissais desaparecerem, nos tempos mais devastadores, por pura mágica. Mas eu acredito na fé, isso sim !!! E acredito no amor que recebemos nas temporadas difíceis, de quem não desiste da gente."
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