sexta-feira, 31 de dezembro de 2010


Somos imensa caravana de seres, na estrada evolutiva, a movimentar-se, sob o olhar do Divino Pastor, em demanda de esferas mais altas.
Em verdade, se prosseguimos caminho afora, magnetizados pelo devotamento do Condutor Divino, inegavelmente somos também assediados pelos cães da ignorância, da perversidade e da má-fé...
Referindo-se a cães, Paulo de Tarso não mentalizava o animal amigo, símbolo de ternura e fidelidade, após a domesticação.
Reportava-se aos cães selvagens, impulsivos e ferozes.
No rebanho humano, encontraremos sempre criaturas que os personificam.
- São os adversários sistemáticos do bem.
- Atassalham reputações dignas.
- Estimam a maledicência.
- Exercitam a crueldade.
- Sentem prazer com a imposição tirânica que lhes é própria.
- Desfazem a conceituação elevada e santificante da vida.
- Desarticulam o serviço dos corações bem-intencionados.
- Atiram-se, desvairadamente, à substância das obras construtivas, procurando consumi-las ou pervertê-las.
- Vomitam impropérios e calúnias.
- Gritam, levianos, que o mal permanece vitorioso, que a sombra venceu, que a miséria consolidou o seu domínio na Terra, perturbando a paz dos servos operosos e fiéis.
E, quando o micróbio do ódio ou da cólera lhes excita a desesperação, ai daqueles que se aproximam, generosos e confiantes!
É para esse gênero de irmãos que Paulo solicita de nós outros a conjugação do verbo guardar.
Para eles, pobres prisioneiros da incompreensão e da ignorância, resta somente o processo educativo, no qual podemos cooperar com amor, competindo-nos reconhecer, contudo, que esse recurso de domesticação procede originariamente de Deus.

EMMANUEL
(Do livro Fonte Viva, 145, FCXavier, FEB)

O Evangelho Segundo o Espiritismo
CAPÍTULO V – BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS

27. Deve alguém pôr termo às provas do seu próximo quando o possa, ou deve, para respeitar os desígnios de Deus, deixar que sigam seu curso?
Já vos temos dito e repetido muitíssimas vezes que estais nessa Terra de expiação para concluirdes as vossas provas e que tudo que vos sucede é conseqüência das vossas existências anteriores, são os juros da dívida que tendes de pagar. Esse pensamento, porém, provoca em certas pessoas reflexões que devem ser combatidas, devido aos funestos efeitos que poderiam determinar.
Pensam alguns que, estando-se na Terra para expiar, cumpre que as provas sigam seu curso. Outros há, mesmo, que vão até ao ponto de julgar que, não só nada devem fazer para as atenuar, mas que, ao contrário, devem contribuir para que elas sejam mais proveitosas, tornando-as mais vivas. Grande erro! É certo que as vossas provas têm de seguir o curso que lhes traçou Deus; dar-se-á, porém, conheçais esse curso? Sabeis até onde têm elas de ir e se o vosso Pai misericordioso não terá dito ao sofrimento de tal ou tal dos vossos irmãos: “Não irás mais longe?” Sabeis se a Providência não vos escolheu, não como instrumento de suplício para agravar os sofrimentos do culpado, mas como o bálsamo da consolação para fazer cicatrizar as chagas que a sua justiça abrira? Não digais, pois, quando virdes atingido um dos vossos irmãos: “É a justiça de Deus, importa que siga o seu curso.” Dizei antes: “Vejamos que meios o Pai misericordioso me pôs ao alcance para suavizar o sofrimento do meu irmão. Vejamos se as minhas consolações morais, o meu amparo material ou meus conselhos poderão ajudá-lo a vencer essa prova com mais energia, paciência e resignação. Vejamos mesmo se Deus não me pôs nas mãos os meios de fazer que cesse esse sofrimento; se não me deu a mim, também como prova, como expiação talvez, deter o mal e substituí-lo pela paz.”
Ajudai-vos, pois, sempre, mutuamente, nas vossas respectivas provações e nunca vos considereis instrumentos de tortura. Contra essa idéia deve revoltar-se todo homem de coração, principalmente todo espírita, porquanto este, melhor do que qualquer outro, deve compreender a extensão infinita da bondade de Deus. Deve o espírita estar compenetrado de que a sua vida toda tem de ser um ato de amor e de devotamento; que, faça ele o que fizer para se opor às decisões do Senhor, estas se cumprirão. Pode, portanto, sem receio, empregar todos os esforços por atenuar o amargor da expiação, certo, porém, de que só a Deus cabe detê-la ou prolongá-la, conforme julgar conveniente.
Não haveria imenso orgulho, da parte do homem, em se considerar no direito de, por assim dizer, revirar a arma dentro da ferida? De aumentar a dose do veneno nas vísceras daquele que está sofrendo, sob o pretexto de que tal é a sua expiação? Oh! considerai-vos sempre como instrumento para fazê-la cessar. Resumindo: todos estais na Terra para expiar; mas, todos, sem exceção, deveis esforçar-vos por abrandar a expiação dos vossos semelhantes, de acordo com a lei de amor e caridade." – Bernardino, Espírito protetor. (Bordéus, 1863.)

REFLEXÃO SOBRE O TEMA:

Neste ano que se inicia, vamos dizer NÃO à tudo que possa nos diminuir ou nos fazer acreditar pequenos e incapazes a alçar vôos mais altos.
Aproveitando o tempo que se renova, vamos dizer NÃO aos sentimentos negativos impostos ao nosso coração por pessoas negativas.
Deus não nos criou para a dor. A dor é criação humana e dura o tempo de nossa fraqueza, de nossa incompreensão ou de nossa rebeldia. Deus nos criou para a alegria, para a felicidade. Estes sentimentos, quando compreendidos em sua essência, mostram-se puros, cristalinos. Mas em contato com fontes corrompidas se anulam e se esvaem.
Muitas vezes morrem.
Se podemos optar, então, vamos nos inclinar a não sofrer em vão. Vamos buscar pessoas, coisas e situações que possam nos ajudar a crescer e a ser feliz!
Emmanuel, na mensagem acima, nos aconselha um afastamento prudente dos cães da ignorância, da perversidade e da má-fé.
Esses cães, tristes irmãos, estão por toda a parte: na rua, na escola, no trabalho, no círculo de conhecidos, na instituição religiosa, em casa, na parentela...
Não nos pede o estimado Benfeitor que deixemos de amá-los, apenas sugere que nos guardemos de sua influência destrutiva.
Pergunta o texto do Evangelho: "Não haveria imenso orgulho, da parte do homem, em se considerar no direito de, por assim dizer, revirar a arma dentro da ferida? De aumentar a dose do veneno nas vísceras daquele que está sofrendo?"
Há, infelizmente, os que se consideram não apenas no direito de assim proceder, como fazem disso objetivo de vida.
Torturam por despeito.
Estraçalham por inveja
Aniquilam por prazer.
Jesus disse que a cada dia bastava o seu mal.
Às nossas vidas, bastam seus sofrimentos necessários.
Não os aumentemos ao contato dispensável dos cães equivocados.
Isolemos de nós e de nosso espírito, sob a luz e a proteção de Jesus,
a crueldade, a opressão, a intriga, a calúnia, o ódio, a agressão, o desprezo, a ironia, a humilhação, a injúria, a perseguição, o ultraje, o desequilíbrio e a desestruturação.

Amar, desejar o bem, é também saber dizer NÃO.

Instituto André Luiz
Reunião de 23 de dezembro de 2006
(Texto: Lori M. dos Santos)

FELIZ ANO NOVO!

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