segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Quem observa o vento, nunca semeará





Quem observa o vento, nunca semeará

Letícia Thompson



Viver não é dificil, mas a gente complica.
Queremos entender tudo, saber tudo, ter a ciência e as ferramentas e construir
um mundo que, na realidade, está muito além de nós.

Cada dia que passa
nos surpreendemos com os acontecimentos, como se não fossem previsíveis e
tentamos construir à nossa volta a redoma que vai nos proteger e dar abrigo aos
nossos.

O que acontece aos outros pode nos acontecer, como o ar que
invade cada narina dos animais e dos homens e os torna iguais, mortais e
dependentes de uma força Maior. Essa realidade às vezes nos choca, como se não
fôssemos, cada um, o outro para um outro.

E ter consciência da vida, da
sua fragilidade e beleza não deveria nos intimidar.

Cada dia basta a si
mesmo e se as dores de ontem continuam doendo no peito, as possíveis alegrias do
amanhã devem nos fazer olhar para o momento presente e construir com ele o
melhor que podemos com as nossas mãos.

Precisamos viver agora como se o
instante seguinte não fosse existir e fazer de cada momento o mais precioso de
todos. Precisamos dar de nós com a consciência que o que fazemos ou deixamos de
fazer fica enraizado nos que prosseguem nosso caminho.

O amor, o ódio, a
esperança e a desilusão são sementes que plantamos. O sorriso é o sol que
oferecemos e o abraço o calor que abriga a vida. Cada instante temos escolhas,
cientes ou inconscientes e elas constroem o que somos ou deixamos de ser.

Quem observa o vento, nunca semeará. Mas aquele que estuda seu coração e
olha para o Alto, esse possuirá campos imensos e nada lhe será recusado. Deus
ama ao que dá com alegria e oferece com alegria ao que ama.

Se tiver que
deixar uma herança aqui na terra, que seja esta: o bem que você fez sem contar e
sem escolher.

Somos todos sim, construídos do mesmo barro, mas nosso
coração se modela cada dia, com cada lição, cada porta que abrimos, cada mão que
oferecemos.

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